Se todos os grandes nomes da MPB se dignassem a escrever suas autobiografias, a memória do país seria bem menos curta. Apesar de serem sempre parciais, os livros de memórias colaboram para a compreensão de momentos históricos, oferecem pontos de vista únicos, municiam pesquisadores e robustecem a cultura nacional. Isso vale também para biografias como “Eles e eu: memórias de Ronaldo Bôscoli”, escrito na primeira pessoa como se fosse pelo próprio biografado, mas, na verdade, redigido por Luiz Carlos Maciel e Ângela Chaves, a partir de uma série de entrevistas que fizeram com o compositor para esse propósito. O relato traz detalhes deliciosos sobre o surgimento da bossa nova e momentos da vida de artistas como Roberto Carlos, Elis Regina, João Gilberto, Nara Leão, Maysa, Vinícius de Moraes e muitos outros.
Grande parte das histórias contadas por Bôscoli não passam de meras curiosidades, mas muitas são interessantíssimas. Ele conta, por exemplo, sobre os trotes que Maysa adorava passar pelo telefone de madrugada, quando ligava para homens pobres e desconhecidos apenas pelo prazer de imaginar que, no dia seguinte, ninguém acreditaria quando eles contassem que tiveram um flerte com a grande cantora. O pior trote de Maysa, no entanto, foi contra o próprio Bôscoli, como parte de uma pequena vingança que o deixou em má situação.
Outra história reveladora está relacionada à morte de Elis. Ele conta que, no velório, Jair Rodrigues teve a coragem de gritar que muitos dos que estavam ali segurando as alças do caixão haviam ajudado Elis a se afundar na cocaína e morrer. Dias depois, em uma boate, Fafá de Belém, apontada por Bôscoli como uma das maiores parceiras de Elis nas drogas, teria arrastado o compositor até o banheiro apenas para que ele a visse jogando na privada toda a cocaína que trazia consigo, dizendo algo como “Olha o que eu faço com essa merda!”
Mas talvez a maior revelação de Bôscoli – co-autor de clássicos como “O barquinho”, “Lobo bobo”, “Saudade fez um samba” e “Você” – seja a de que ele parou de compor no momento em que Caetano Veloso e Chico Buarque despontaram na geração seguinte à bossa nova e ele se deu conta de que jamais conseguiria compor com a mesma qualidade e genialidade deles. Em silêncio e com humildade, Bôscoli passou o bastão.
Grande parte das histórias contadas por Bôscoli não passam de meras curiosidades, mas muitas são interessantíssimas. Ele conta, por exemplo, sobre os trotes que Maysa adorava passar pelo telefone de madrugada, quando ligava para homens pobres e desconhecidos apenas pelo prazer de imaginar que, no dia seguinte, ninguém acreditaria quando eles contassem que tiveram um flerte com a grande cantora. O pior trote de Maysa, no entanto, foi contra o próprio Bôscoli, como parte de uma pequena vingança que o deixou em má situação.
Outra história reveladora está relacionada à morte de Elis. Ele conta que, no velório, Jair Rodrigues teve a coragem de gritar que muitos dos que estavam ali segurando as alças do caixão haviam ajudado Elis a se afundar na cocaína e morrer. Dias depois, em uma boate, Fafá de Belém, apontada por Bôscoli como uma das maiores parceiras de Elis nas drogas, teria arrastado o compositor até o banheiro apenas para que ele a visse jogando na privada toda a cocaína que trazia consigo, dizendo algo como “Olha o que eu faço com essa merda!”
Mas talvez a maior revelação de Bôscoli – co-autor de clássicos como “O barquinho”, “Lobo bobo”, “Saudade fez um samba” e “Você” – seja a de que ele parou de compor no momento em que Caetano Veloso e Chico Buarque despontaram na geração seguinte à bossa nova e ele se deu conta de que jamais conseguiria compor com a mesma qualidade e genialidade deles. Em silêncio e com humildade, Bôscoli passou o bastão.
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