segunda-feira, 30 de junho de 2008

Lulalá...

Vai transar? O governo dá camisinha.
Já transou? O governo dá a pílula do dia seguinte.
Engravidou? O governo dá o aborto.
Teve filho? O governo dá o Bolsa Família.
Tá desempregado? O governo dá Bolsa Desemprego.Vai cozinhar? O governo dá o vale gás.
Vai prestar vestibular? O governo dá o Bolsa Cota.Tá na faculdade? O governo dá o PRÓ-UNI.
Não tem terra? O governo dá o Bolsa Invasão e ainda te aposenta.
Mas experimenta estudar e andar na linha pra ver o que é que te acontece!
É um circulo vicioso manejando a manada.
Eeeh.oh..oh.. vida de gado... povo marcado... povo feliz ....

sexta-feira, 27 de junho de 2008

BAFOMETRO


Complicado, não sei vocês lembram daquele kit primeiros socorros que fizeram todo mundo comprar... Agora a história é com o bafometro, ai ai viu... Agora pra ser bêbado tem que ser a pé, porque de táxi não dá pra andar nessa cidade, é um roubo. De bicicleta ou te roubam ou te atropelam (aquele que o policial não parou), de helicoptero não dá, dá enjoo! De jegue, não comporta... Enfim, agora vai ser a moda do ande a pé ou tenha um amigo que não bebe, daqueles que não bebe nem cerveja sem alcool, mas que saiba dirigir hein.
Caso contrário, vá treinando pra soprar canudinho. Conversando com algumas pessoas, percebi que todas que adoraram esta lei ou não bebem ou não tem carro, e eu? que bebo e dirijo?
Vou andar com listerine no console... Aí jogo a culpa nele, já que acusa também no bafometro...
Ou paro de beber e começo a usar algo mais pesado? Aí é foda, já sou louca de natureza...
Vou parar de consumir alcool e me tornar protestante...
Na verdade, vou torcer... Pra eles esquecerem essa lei assim como esqueceram o kit...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Crer ou não crer, eis a questão...

Seis testemunhas de acusação serão ouvidas hoje pela Justiça no Fórum de Taubaté, no Vale do Paraíba, no caso da dona de casa Daniele Toledo do Prado, acusada de colocar cocaína na mamadeira e matar a filha. Três laudos do Instituto de Criminalística de São Paulo comprovaram que Daniele Toledo do Prado, hoje com 23 anos, não colocou cocaína na mamadeira da filha Vitória do Prado Iori Carvalho, que morreu em 29 de outubro de 2006 em Taubaté, no Vale do Paraíba. Mesmo assim, a jovem pode ir a Júri Popular e dois anos depois ainda responde por homicídio triplamente qualificado. Daniele ficou 37 dias presa sob a acusação de ter matado a filha. Hoje, faz tratamentos de saúde, pois no dia em que foi presa acabou agredida por detentas da cadeia feminina de Pindamonhangaba e teve ouvido e olhos feridos. Por conta das agressões sofridas, move uma ação de indenização contra o Estado. "Esta ação é sigilosa, não podemos comentar, mas já foi protocolada sim", diz a advogada. Daniele não gosta de dar entrevista, pois até hoje, quando aparece na mídia, acaba sendo provocada na rua por pessoas que não acreditam em sua inocência. "Ela ainda chora bastante, não superou a perda da filha e nem as acusações".

Agora eu pergunto: Por que não jogaram a Ana Carolina Jatobá na mesma penitenciária?
Agora eu respondo: Porque não sabem se foi ela mesmo, porque o sogro dela tem estrelinhas, porque a mídia está dividida e por fim e não menos importante, porque eles têm um poder aquisitivo que esta coitada não tem.

E o povo? Ninguém viu se a menina fez isso, eu duvido! digamos que ela seja uma viciada no pó, por qual motivo desperdiçaria sua droga no bebê?
Se falarem que era para a nenem parar de chorar ou ficar mais calma, calem a boca, pelo que todos sabem, cocaína acelera e não acalma, o pozinho branco tira sono e não apaga, ele deixa o "bagulho louco", a mente "elétrica"... Aí o povo quer linchar, as detentas querem bater... Ah! pronto, o roto falando do rasgado, sim porque se tá detenta é porque cometeu algum delito.
Ah! mas não matei meu filho.
Mas, cometeu erros suficiente para deixá-lo sozinho no mundo.
Mas, tá com a minha mãe!
E a bebê da Daniele tá com Deus!

Pára né gente! Pára!
Que mania de sentar no rabo e olhar para o dos outros. Eu posso vir a quebrar a cara, mas prefiro não acreditar que ela fez isso, assim como prefiro acreditar que só pode ter sido "os Nardones" o caso da menina Isabela, mas daí a vir a querer bater, linchar ou sair do meu trabalho e ir para porta da delegacia grita "justiça", como diria minha mãe: "já é outros 500s". Por enquanto, prefiro crer ou não crer.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Mais um adeus

Fiquei aqui perdida em pensamentos e então resolvi escrever, o tema hoje seria outro, porém, aconteceu algo muito chato, perdi uma amiga, daquelas amigas que nunca fomos grudadas até por ela morar em outra cidade (UF), mas, todas as vezes em que esteve em São Paulo, me ligou e fui encontrá-la nem que fosse por alguns minutos, uma cerveja, meia dúzia de palavras trocadas e pronto, já era alguma coisa.
Por que será que tem gente que conhecemos em imediatamente ocorre àquela empatia que nem sempre sentimos por familiares ou pessoas mais próximas não é mesmo? A isso damos o nome de amizade. E posso falar com toda certeza que a Vera foi uma amiga que passou, e como todo ser do bem, foi embora... Já diz o ditado: “Vaso ruim não quebra”. Aí eu penso, tem tanta gente que se partisse desta para melhor seria apenas um favor para o mundo, aí vem mais uma paulada.
Eu sempre me gabei de nunca ter perdido ninguém (pra morte), nem avós, nem amigos, ninguém! Aí perdi um dos seres que mais amava em minha vida, meu mano, de lá pra cá tenho visto algumas pessoas irem embora para o outro lado e essa sensação de vazio é muito estranha... Não sei explicar corretamente.
A Verinha era aquele ser humano completo, homem, mulher, criança, gente, gente do bem, não pensava em fazer mal a ninguém, desejava a felicidade, mesmo que para isso tivesse que passar por cima de preconceitos (e muitos) e deixar para trás toda uma sociedade hipócrita e infeliz, foi a primeira crossdresser que conheci, na verdade, a Vera ainda estava nascendo quando nos conhecemos na casa de uma amiga em comum em uma tarde de fondue e vinho regado a muitos risos, como já falei, empatia a primeira vista. Verinha, espero que este “outro lado” seja realmente melhor que este aqui.

Aproveitando a "deixa", lá se foi uma das melhores primeira-dama que tivemos, D. Ruth Cardoso, não sei se foi a melhor, mas foi uma que trabalhou mais e se preocupou menos com aplicação de botox ou coleção de calcinhas.
The End


P.S.: Crossdressers são pessoas que vestem roupas usualmente próprias do sexo oposto, sem que tal atitude interfira necessariamente em sua orientação sexual. Ou seja, uma pessoa crossdresser não necessariamente pautará sua orientação ou seu papel sexual em função desse seu fetiche por roupas do sexo oposto. Sendo assim, ele(a) pode ser heterossexual, homossexual ou bissexual.
Não utilizam
hormônios nem cirurgias plásticas para se assemelharem ao sexo oposto, o que os distingue de travestis e transgêneros, pois no dia-a-dia portam-se segundo seu sexo biológico. Em suma, ser crossdresser muitas vezes implica na satisfação eroto-fetichista em se vestir com roupas do sexo oposto. Em raros casos os crossdressers podem até fazer uso de hormônios para ter uma aparência mais feminina (ou masculina) variando de caso em caso. Os crossdressers autodenominam-se "CDs".

terça-feira, 24 de junho de 2008

O trânsito de São Paulo


O trânsito de São Paulo está insuportável, não dá mais! Pra que ter carro? Se você trabalha de segunda a sexta, já tem um dia a menos para ir com seu "poçante", o dia do rodízio, a não ser que queira acordar na madruga e chegar no trabalho duas horas antes né...

Bom, restaram 4 dias, na segunda-feira é triste, todos os caminhões do mundo estão chegando na cidade e fodem com todo o trânsito, aliás, por que nenhum candidato energúmino se preocupa em construir ferrovias??

Na terça, não sei, meu rodízio...

Quarta-feira, você passa duas horas em um percusso de 5 km sem explicação alguma, sem acidente, sem batida, nada... Coisas do além...

Quinta-feira todos os sacoleiros estão chegando na cidade, ônibus de tudo quanto é parte do país com seus motoristas perdidos e aquele povo de olhar curioso. Sempre imaginei que na cabeça deles passa assim: Nossa! que povo louco né? Como é que tem coragem de morar nessa cidade... Eu também não sei...

Sexta-feira é o dia especial, TODOS saem de carro, até quem tá no rodízio, dá-se um jeito... Afinal, é o dia internacional do happy hour, até o marido da mulher ciumenta e pocessiva é liberado pra tomar umas com os amigos, a galera que "vai" para faculdade e depois dá uma estigadinha até uma baladinha, o casal que só se ver de sexta e precisa dá umazinha no motel, enfim... Sexta-feira é sem comentários, se você pegar a Faria Lima na sexta a meia noite, vai pegar um congestionamento, engarrafamento e um trânsito daqueles...

No sábado depende da região, se você conhecer a cidade até consegue fugir daqueles que só deveriam dirigir na fazenda, charrete de preferência...

E domingo é o dia dos domingueiros, abafa o caso!

Um "apêndice"

Taxista: Acham que só eles estão trabalhando e o resto do mundo está se divertindo, são folgados e pensam ter mais direito que todos e que sabem mais porque passam mais tempo ao volante.

Motoqueiro: Prefiro não comentar! ô raça...

Motorista de ônibus: ai ai, esses pensam assim: sou grande, passo por cima de você! Esquecem o prejuízo que podem causar que eles nunca terão a mínima condição de pagar, afinal, recebem um salário lamentável.

Motorista de caminhão: É uma espécie de taxista com bacharelado, eles sim estão trabalhando, muitos sem banho, sem mulher, sem casa, se sentem o pior dos motais e ao mesmo tempo os reis das estradas, pistas, rodovias, arrebites e afins...

E tudo isso você encontra no trânsito de São Paulo!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Segunda-feira


Nunca tive problema com a segunda-feira, mas tenho passado a ter... Que dia horrível para levantar da cama, ainda mais com frio e chuva. Aí, você chega no trampo e dá de cara com mais meia dúzia de mal humorados, não porque são, mas porque é segunda.

Nem time de futebol gosta da segunda né rsrsrsrsr. Falando nisso, o que aconteceu com o Santos hein kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk que coisa!


O fim de semana foi perfect, Campos do Jordão com amigos, vinho francês, um pernil de 12 kilos comprado por mim, temperado pela Bete e pururucado por mim que ficou dos deuses... Quadrilha, vinho quente, quentão, fogueira, milho, amendoim e todos aqueles docinhos que não podem faltar rs!

Muita fotografia!

Uma paisagem de tirar o fôlego!

E uma passadinha em Capivari pra tomar um chopp escuro no Baden Baden seguido de umas compritchas básicas. Xiki nu urtimu!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Viva os meios de comunicação!

Vivvvvvaaaaa internet em casa... Que dureza viver sem net em casa viuuu!!
Como fazer para sustentar o vício maldito do Orkut, MSN, Skype, Yahoo, hotmail, gmail, google talk e afins...
É incrível não, olhamos para trás, ninguém tinha aparelho celular em nem sentia necessidade de tanta comunicação, hoje eu não me vejo sem meu aparelhinho lindo. Não tínhamos microcomputador em casa e male male no trabalho, hoje já compramos um de olho no próximo... O quer será que virá para nos escravizar? Será que nos viciaremos em GPS? Porque no bluetooth já somos...
A gente acorda e já pensa em ver e-mails, e quando aquele amigo que está sempre presente enviando os jpgs mwa doc e as piadinhas deixam de enviar, a gente já se pergunta, será que aconteceu algo?
É gente... Somos viciados assumidos e conscientes que a tendência é piorar....

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Nelson Gonçalves - O fim do Boemio

Dia destes fomos surpreendidos com uma edição do Jornal da Globo: havia morrido o cantor Nelson Gonçalves aos 78 anos de idade.
Este ano de 1998 já nos levou dois dos cinco maiores cantores brasileiros de todos os tempos: Silvio Caldas e, agora, Nelson Gonçalves.
Com o desaparecimento de Nelson, o último dos grandes, encerra-se um ciclo de ouro na nossa música popular, sem possibilidades de volta. Francisco Alves, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Vicente Celestino, Gilberto Alves, e agora Nelson Gonçalves completam o quadro de grandes cantores, de voz possante, que por muitos anos foram a alegria do povo brasileiro. Nelson vendeu 52 milhões de discos durante sua fantástica carreira, tendo recebido 20 discos de platina e 40 discos de ouro.
Adelino Moreira foi o compositor que mais se identificou com Nelson Gonçalves, para quem compunha desde 1952. A ‘Volta do Boêmio’ de Adelino, vendeu mais de 1 milhão de cópias quando foi lançado em 1956, chegando depois a 2 milhões de cópias.
É de Adelino Moreira também a música ‘Última Seresta’, que Nelson confessou ser a música com que gostaria de ser lembrado. Gravou de Adelino Moreira um total de 332 canções. Nelson Gonçalves nasceu a 21 de junho de 1919, tendo, portanto 78 anos de idade, e 58 anos de carreira como cantor. Seu verdadeiro nome é Antônio Gonçalves Sobral, sendo ele recordista nacional de gravações em LP, tendo gravado 114 discos superando o cantor Elvis Presley, com 63 LPs gravados.
Filho de imigrantes portugueses oriundos da cidade de Vizeu, Nelson nasceu em Santana do Livramento, Estado do Rio Grande do Sul. ‘Seo’ Manoel, o seu pai, tocava violão e cantava em dueto com a mulher. Quando chegaram ao Brasil, já tinham um filho; o Joaquim, que chegou a gravar alguns discos como cantor de fados.
Os pais de Nelson trouxeram de Vizeu a tradição de cantores ambulantes. Já morando em São Paulo, saiam de manhãzinha de casa e se dirigiam às ruas do Brás, nas feiras livres, praças públicas e após cantarem ‘passavam’ o pires. Deste espetáculo participavam toda a família - ‘seo’ Manoel, a esposa, Joaquim, e o Nelson; ainda garotinho. ‘Seo’ Manoel havia fabricado um violão no qual se acompanhava, e este violão tinha 9 cordas em vez das 6 cordas normais - três delas eram bordões (a corda mais grossa, de som grave) e cantava músicas do cantor paulista Paraguassu. O garoto Nelson tinha nesta época 6 anos de idade, e cantava em cima de caixote, fazendo força para merecer os 400 Réis que o pai lhe dava após o dia de apresentações.
Quando foi fazer um teste na P.R.A.5 - uma emissora situada à Rua 7 de Abril em São Paulo, o maestro Gabriel Migliori tinha diante de si um jovem de apenas 19 anos, mas com uma experiência de 12 anos como cantor. O teste foi bom, e a estréia foi marcada para daí a alguns dias embora o maestro estivesse preocupado com a forma ‘apressada’ de falar do novo cantor, achando que este fato poderia interferir no resultado. E estréia aconteceria num programa chamado ‘Teatro Alegre’, sob o comando de Aurélio Campos. Quando o Regional do Rago deu a introdução pela terceira vez, e o cantor não entrou, Aurélio Campos foi obrigado a ‘justificar’ alegando a transferência da estréia para outra oportunidade em face ao grande nervosismo do estreante. Nelson estava tão apavorado que a voz não saía, nem depressa e nem devagar. Ficara mudo de medo.
Em 1939, com o rádio brasileiro em fase de grande euforia, Nelson desembarcava no Rio de Janeiro em busca de uma oportunidade. Orlando Silva estava em pleno apogeu, vendendo milhares de discos e fazendo um sucesso estrondoso. Nelson, com características vocais semelhantes à Orlando, naturalmente passou a imitá-lo. Lutou muito e seu primeiro contrato no rádio carioca aconteceu com a Mairynk Veiga, graças à grande ajuda e o apoio que Nelson recebeu do cantor Carlos Galhardo, além do flautista Benedito Lacerda.
O primeiro disco de Nelson Gonçalves foi a valsa ‘Se eu pudesse um dia’, com a gravadora R.C.A. Victor, ganhando 600$000 Réis por mês, e mais 100 Réis por disco vendido. Em 1952 Nelson começa a gravar músicas de Adelino Moreira, de quem gravaria uma série enorme de sucessos, incluindo ‘A Volta do Boêmio’, gravada em 1956, e que vendeu dois milhões de cópias. Sem sombra de dúvidas, Nelson Gonçalves foi, e talvez hoje, ainda seja um dos maiores cantores do Brasil de todos os tempos. Na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, no ano de 1952, Nelson Gonçalves conheceu um compositor de quem gravaria mais de 370 músicas. Este compositor era Adelino Moreira.
A partir deste encontro Nelson Gonçalves iria inaugurar uma nova fase de sua já tão brilhante carreira. Iria se libertar definitivamente da influência que sofria de Orlando Silva, criando através das músicas de Adelino seu estilo definitivo.
A Volta do Boêmio, composta por Adelino Moreira, e gravada por Nelson Gonçalves em 12 de outubro de 1956, iria vender a espantosa quantia de dois milhões de discos. Era a embriaguez do sucesso, a consagração definitiva do rei do rádio, como era chamado.
Havia no Brasil todo uma verdadeira febre de realizações e de novidades. O cinema e o teatro estavam em efervescência. Inventamos a bossa-nova, inauguramos Brasília, inauguramos a TV Tupy. Ganhamos a copa do mundo no futebol.
Nelson Gonçalves ia vivendo a vida e fazendo muito sucesso.
Recebeu de sua gravadora, a R.C.A. Victor, a fortuna de CR$ 733.000 cruzeiros de direitos fonográficos. Era uma enorme quantidade de dinheiro para a época. Mas Nelson já tinha 5 filhos para cuidar. Ele sempre dizia: ‘É mais fácil sustentar 10 filhos que um único vício.’ Parece que estava adivinhando ...
Do êxtase, onde se encontrava, à queda foi um tombo fácil.
Em 1955, sua interpretação da música ‘Meu Vício é Você’, também composição de Adelino Moreira, já era um prenúncio sombrio dos anos negros que se aproximavam, com drogas, ciúme, e até cadeia iriam operar com grande transformação no cantor Nelson Gonçalves.
Nelson Gonçalves entrou na fase negra de sua vida no dia 5 de maio de 1966, quando fora preso em flagrante, em casa, diante dos próprios filhos como viciado em droga. Segundo depoimento emocionado da sua esposa, D. Maria Luiza, quando Nelson foi preso, tinha 10 gramas de cocaína em casa, mas na versão dela, seria usada para o tratamento que fazia para se libertar da droga.
Nelson Gonçalves foi recolhido à Casa de Detenção de São Paulo acusado de uso de entorpecentes. Foi um escândalo nacional. Alguns dias depois, a direção do presídio recebeu um abaixo assinado dos 3.000 presidiários, onde eles pediam que suas penas fossem aumentadas em um dia cada um, e que em troca Nelson Gonçalves fosse libertado.
Durante o banho de sol, naquele dia, mais de 3.000 vozes emocionadas dos presidiários entoavam ‘A Volta do Boêmio’, que de forma dramática, ecoava pelos corredores tristes do presídio.
Nelson e Maria Luiza pedem ajuda ao palácio Pio XII, na benção do Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns. Pedem também através do seu advogado, proteção ao general Costa e Silva "que pelo amor de Deus que o exército estendesse suas asas protetoras sobre Nelson", verdadeiro patrimônio nacional, que lutava de forma desesperada para se livrar da droga. No ano de 1968, Nelson Gonçalves era um farrapo humano. Não mais cantava, e praticamente não mais vivia. As portas antes escancaradas para sua passagem, agora se fechavam na sua cara.
Sua luta para livrar-se da droga durou 4 meses. Trancou-se no quarto escuro e, numa batalha mortal, começou uma luta sozinho, ajudado unicamente pela sua esposa, D. Maria Luiza. Nelson começa a viver o inferno medonho que vivem todos os viciados em droga quando resolvem curar-se sem ajuda de ninguém.
A travessia do inferno, com seu círculo de horrores, foi finalmente vencida, e Nelson Gonçalves deu a volta por cima.
Para provar que estava recuperado, organiza uma luta exibição com o campeão mundial de boxe, Éder Jofre, no Ibirapuera em São Paulo.
A volta de um cartaz nacional como Nelson Gonçalves não seria assim tão simples. Encontrou muita dificuldade, muita má vontade.
Mas encontrou também muitos amigos sinceros, como Silvio Santos, por exemplo que, ao ser informado da volta de Nelson, disse ao seu pessoal do SBT: ‘Se o Nelson voltou a cantar, contratam o homem. Não estamos aqui para julgar ninguém. É o maior cantor do Brasil’.
Nelson Gonçalves morreu na noite de 18 de Abril, um sábado, na cidade do Rio de Janeiro.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Dica de leitura


Se todos os grandes nomes da MPB se dignassem a escrever suas autobiografias, a memória do país seria bem menos curta. Apesar de serem sempre parciais, os livros de memórias colaboram para a compreensão de momentos históricos, oferecem pontos de vista únicos, municiam pesquisadores e robustecem a cultura nacional. Isso vale também para biografias como “Eles e eu: memórias de Ronaldo Bôscoli”, escrito na primeira pessoa como se fosse pelo próprio biografado, mas, na verdade, redigido por Luiz Carlos Maciel e Ângela Chaves, a partir de uma série de entrevistas que fizeram com o compositor para esse propósito. O relato traz detalhes deliciosos sobre o surgimento da bossa nova e momentos da vida de artistas como Roberto Carlos, Elis Regina, João Gilberto, Nara Leão, Maysa, Vinícius de Moraes e muitos outros.
Grande parte das histórias contadas por Bôscoli não passam de meras curiosidades, mas muitas são interessantíssimas. Ele conta, por exemplo, sobre os trotes que Maysa adorava passar pelo telefone de madrugada, quando ligava para homens pobres e desconhecidos apenas pelo prazer de imaginar que, no dia seguinte, ninguém acreditaria quando eles contassem que tiveram um flerte com a grande cantora. O pior trote de Maysa, no entanto, foi contra o próprio Bôscoli, como parte de uma pequena vingança que o deixou em má situação.
Outra história reveladora está relacionada à morte de Elis. Ele conta que, no velório, Jair Rodrigues teve a coragem de gritar que muitos dos que estavam ali segurando as alças do caixão haviam ajudado Elis a se afundar na cocaína e morrer. Dias depois, em uma boate, Fafá de Belém, apontada por Bôscoli como uma das maiores parceiras de Elis nas drogas, teria arrastado o compositor até o banheiro apenas para que ele a visse jogando na privada toda a cocaína que trazia consigo, dizendo algo como “Olha o que eu faço com essa merda!”
Mas talvez a maior revelação de Bôscoli – co-autor de clássicos como “O barquinho”, “Lobo bobo”, “Saudade fez um samba” e “Você” – seja a de que ele parou de compor no momento em que Caetano Veloso e Chico Buarque despontaram na geração seguinte à bossa nova e ele se deu conta de que jamais conseguiria compor com a mesma qualidade e genialidade deles. Em silêncio e com humildade, Bôscoli passou o bastão.